Por: Raphael Kurz
Bora falar de mais uma passarinhada por aqui!! Dessa vez iniciando uma série de publicações de visitas ao Parque do Espinilho no mês de agosto!! Serão três expedições ao Parque que mais abriga espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul. Dos dias 6 ao 12 de agosto, tive a oportunidade de conduzir o Luciano Faria e o Clécio Gomides aqui pela região e além da região da fronteira oeste, visitamos Rio Grande, a Serra Gaúcha e a Serra dos Tapes.
Sobre a viagem:
Toda pessoa que vem pra cá, traz consigo uma expectativa bem elevada em relação as espécies que serão fotografadas/observadas e isso é normal! Como trabalhamos com natureza, muitas surpresas podem acontecer, sejam elas positivas (aparecer espécies que não esperamos) ou negativas (não aparecer as espécies que mais queríamos ver) e sim, isso faz parte do jogo. A natureza é uma variável constante e isso tem que ser visto como normal por nós, que nos auto-declaramos observadores de aves. Mas porque eu comecei a escrever sobre isso? Porque nessa viagem foi exatamente assim que as coisas aconteceram. Muitas surpresas… Se foram negativas ou positivas, tu vai ter que ler até o final do post pra entender!
Campanha Gaúcha
Quem já nos acompanha a algum tempo sabe que costumo “fracionar” o post de acordo com os locais que visitamos e escrever sobre a Campanha Gaúcha é sempre especial, pois é sempre incrível passarinhar nos ambientes dessa região. Tivemos uma rápida passagem por Bagé e conseguimos ver algumas espécies bem importantes pra lista de lifers do Luciano e do Clécio. O arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris) está nidificando numa área conhecida e logo teremos uma nova geração deles por aqui, o tio-tio (Phacellodomus striaticollis) também frequenta a mesma área e colaborou bastante e rendeu ótimos registros!! E é claro, a jacurutu (Bubo virginianus) segue aparecendo no mesmo poleiro, fazendo a alegria de quem visita a região!!
Algumas espécies registradas em Bagé:
Na Serra dos Tapes temos a oportunidade de registrar as aves da Mata Atlântica do sul do Brasil e é sempre um desafio encontrar algumas dessas aves. Em Pelotas, o objetivo principal era ver o tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), quem já viu um tapaculo sabe da dificuldade de ver/fotografar esse bichinho que tá sempre embrenhado nas matas escuras e úmidas, mas por aqui ele geralmente rende ótimos registros. Lembra do que escrevi lá no início sobre expectativa vs decepção? Pois é, esse aí foi um dos casos… Fomos até o local que ele geralmente aparece e nada, ficamos esperando e nada. Em virtude disso resolvi sair caminhando pela estrada e cerca de 300 metros depois, repentinamente um indivíduo vocalizou incessantemente na beira da estrada. Deu um sustinho na gente, mas apareceu!! Seguimos dali, para o Sítio Flor & Osória, onde o objetivo era ver as aves do comedouro, como a saíra-preciosa (Stilpnia preciosa) e o aracuã-escamoso (Ortalis squamata). Além desses dois, ficamos até a noite na espera da corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae), que colaborou bastante conosco e rendeu ótimos registros para as lentes dos guris!! Já me antecipo e agradeço ao Gustavo e a Fabi por nos receberem mais uma vez tão bem no sítio!!
Algumas espécies registradas na Serra dos Tapes:
Rio Grande
Ah, a planície costeira… Tão cheia de aves e tão cheia de vida! Por aqui o objetivo nessa época do ano é ver as aves migrantes de inverno e como a época está propícia, conseguimos ver diversas delas, como o pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus), a andorinha-chilena (Tachycineta leucopyga), o colegial (Lessonia rufa), a gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus) e a batuíra-de-peito-tijolo (Charadrius modestus). Geralmente essas aves são muito procuradas pelos observadores que vem pra cá, já que todas elas são migrantes austrais que sobem para o RS nessa época do ano! Foi em Rio Grande que tivemos uma das maiores surpresas da viagem, encontramos a rara GAIVOTA DE FRANKLIN, espécie que até então eu havia observado apenas em 2 oportunidades. Bichinho raro de se encontrar, mas dessa vez ela nos deu essa chance!!
Algumas espécies registradas em Rio Grande:
Parque do Espinilho
O melhor sempre fica pro final, não é mesmo? Mas será que dessa vez foi o melhor ou o pior? “Quanto drama hein, Raphael?” É que eu gosto de escrever conversando comigo mesmo, então as vezes eu tenho esses devaneios kkkkkk
Mas enfim, vamos ao que realmente interessa: Passarinhos! Quem vem pro Espinilho tem um objetivo muito claro, que é registrar o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata). Afinal, é uma espécie super ameaçada e o único lugar do Brasil que pode ser encontrado é no Parque! Mas sobre ele escreverei mais pra frente…
Além do cardeal-amarelo, há diversas outras espécies no Parque e no seu entorno e ir pra lá e ficar apenas um dia pode ser sempre um tiro no pé, porque geralmente temos que caminhar bastante pra irmos encontrando algumas aves endêmicas e dessa vez andamos, andamos muito!! O cardeal-amarelo é sempre o plano A e como eles tem territórios bem definidos no Parque, sempre vamos nos deslocando até as áreas de maior possibilidade de encontrá-lo e nesse caminho eu vou ouvindo outras aves e vamos registrando o que vai aparecendo! Você conhece as aves do Parque do Espinilho? Clique aqui nesse link e conheça todas elas!
Nesses dias registramos todas as espécies possíveis dentro do Parque e faltou apenas uma. Adivinha qual? Isso mesmo, o cardeal-amarelo! Caminhamos quatro turnos dentro do Parque e não o encontramos. Isso jamais tinha acontecido comigo, já que todas as vezes que fomos lá, eu encontrei e já faz alguns anos que visito o Parque. Percorremos quase 30km caminhando nesses dias e o desanimo já se fazia presente entre nós, mas vamos fazer o que? Nossa parte foi feita! Caminhamos, fomos atrás e fizemos tudo que foi possível, se a ave não quis aparecer, temos que jogar a toalha e seguir em frente…
Tínhamos mais uma manhã no Parque e confesso que eu ainda não tinha desistido. Lá fomos nós novamente, caminhamos, caminhamos e caminhamos… Até que adivinha? O danado apareceu! Enquanto caminhávamos o Luciano o encontrou!! Foi aquele corre-corre costumeiro e eles conseguiram alguns registros! A foto havia ficado bem ruim, contra a luz e sabemos que o nervosismo e a adrenalina dificultam pra fotografar e geralmente a gente culpa a câmera, né? Kkkkkkkk
Como eu vi eles voando e provavelmente eles tinham ido pro outro território, fomos atrás e encontramos eles novamente. Aí sim foi um show à parte, eram 4 indivíduos juntos, forrageando e se expondo ao solzinho típico da manhã de inverno! Foi uma emoção!!
Algumas espécies registradas no Parque do Espinilho:
Mas e aí, já imaginou se eles não aparecessem? O sentimento de frustração que isso nos traria? Aí que quero entrar e falar o que sempre penso: Não adianta a gente jogar a expectativa lá em cima de que vamos encontrar todas as espécies possíveis e fazer as melhores fotos de todas aves que cruzarem o nosso caminho. Na natureza isso não existe!! Poucos dias atrás eu tava saindo pro campo, abri a porta de casa e tinha uma árvore em cima do meu carro, não tem como controlarmos certas coisas!
Como guia, eu costumo dizer que tudo que for possível eu faço, caminho pra caramba, entro na água, entro na lama e etc. Por falta de esforço nunca vai ser! Mas também jamais entro em locais que nos colocariam em risco por causa de um passarinho!
Acho que esse assunto até rende um post aqui no blog, quem sabe…
De acordo com o Trip Report do eBird, encontramos 181 espécies de aves nesses dias!!
Agradeço ao Clécio e ao Luciano por esses 7 fantásticos dias. Foi muito legal estarmos juntos rodando pelo Rio Grande do Sul atrás da bicharada! Muito papo massa, música boa (que é imprenscindível) nas viagens e é claro, muito passarinho massa! Até a próxima, gurizada!!
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