Por: Raphael Kurz
Bora falar de mais uma expedição por aqui? Não é fácil ter inspiração pra escrever, mas quando ela vem, tenho que aproveitar pra meter ficha e atualizar o blog mais uma vez! Nessa semana estou aqui na Lagoa do Peixe e agora a noite, pós-campo consegui parar pra trabalhar um pouco e consequentemente escrever sobre mais uma baita saída por aqui!!
Sobre a expedição:
O Izaias já tinha vindo aqui em 2021 e resolveu voltar pra ver umas espécies diferentes. Conversamos sobre essa vinda dele em maio, no Avistar! Dessa vez passamos 4 dias (2 a 6 de outubro) juntos e o roteiro estava em aberto e com um único objetivo definido: Encontrar e fazer boas fotos do papa-piri (Tachuris rubrigastra), uma das aves que mais encantam quem vem pra cá.
Rodamos por Rio Grande, Pelotas e Morro Redondo e tivemos diversas boas surpresas, tanto nas áreas alagadas quanto nas matas da Serra dos Tapes. Bora acompamnhar esse diário de expedição conosco!!
Rio Grande
Rio Grande por si só já é espetacular e como eu escrevi no post anterior, o município está cheio de água, fazendo com que a gente possa ver diversas espécies aquáticas. O Izaias é um fotografo de mão cheia, então fiz de tudo pra propiciar bons registros, independente da espécie, já que pra ele não importa se é lifer ou não é, o que importa mesmo é fazer um bom registro… Eu acho que é mais ou menos assim que as coisas tem que ser, tentar fazer o melhor com as aves que aparecem e ir aproveitando todos as oportunidades que surgem!
Bueno, vamos falar das aves que apareceram? O Izaias tem paciência de sobra, por isso perguntei pra ele se ele queria tentar fotografar uma ave impossível em Rio Grande, de prontidão ele aceitou o desafio e lá fomos nós atrás dessa tal ave… Ficamos um bom tempo tentando achando o ângulo certo, calculando e tentando prevêr aonde esse serzinho passarinha e até que conseguimos achar o “caminho” dela e GOLAÇO!! Deu pra ver e fotografar a rara sanã-cinza (Laterallus spilopterus), uma das espécies mais difíceis de serem vistas aqui na nossa região, mas como os ralídeos em geral estão aparecendo, resolvi investir um tempo na bichinha e dessa vez deu super certo, uma alegria e tanto! Além dela, conseguimos ver outras espécies incríveis por aqui, como a marreca-colhereira (Spatula platalea) e a o socoí-amarelo (Ixobrychus involucris), outro fantasma que encontramos nessa época por aqui.
Algumas registros feitos em Rio Grande:
Pelotas (Banhados)
Como o objetivo principal era ver o papa-piri (Tachuris rubrigastra), tivemos que dedicar um tempinho atrás dele aqui em Pelotas. Sim, aqui em Pelotas há excelentes locais de banhado para tentarmos encontrar essas espécies aquáticas. O PAPA PIRI foi relativamente fácil e num raio de 100 metros conseguimos ver praticamente todas as espécies de juncal/palha, como o joão-da-palha (Limnornis curvirostris), o bate-bico (Phleocryptes melanops), o amarelinho-do-junco (Pseudocolopteryx flaviventris) e o tricolino (Pseudocolopteryx sclateri). Todos eles foram aparecendo e sem esforço nenhum, deu pra registrar. Isso é bem raro acontecer, mas sempre digo que quando estamos de “sangue doce”, as coisas acontecem mais fácil e com o Izaias a viagem inteira foi assim. Eu fui dando idéias, ele foi aceitando e as aves foram aparecendo… Uma a uma fomos dando um “ok” na checklist. Como falei anteriormente, os ralídeos estão dando um show por aqui nessa época do ano, só olhar as espécies que encontramos em Pelotas pra complementar a lista dessas aves aquáticas que estão super ativas vocalizando e aparecendo super bem.
Algumas fotos feitas nas áreas úmidas de Pelotas:
Serra dos Tapes
Além das áreas úmidas de Pelotas, também há uma Mata Atlântica incrível pra ser explorada e pouco a pouco tenho ido nesses locais em busca das aves que sempre surpreendem quem vem pra cá. Surpreendem pelo fato de acharem que o sul do Rio Grande do Sul é só campo e banhado, mas não é não! Ainda há algumas áreas de mata que podemos encontrar diversas espécies, como o cabecinha-castanha (Thlypopsis pyrrhocoma), bichinho chato que nem sempre dá chances de foto, mas dessa vez deu fotaço!! Encontramos duas arenas de beija-flor-de-topete-azul (Stephanoxis loddigesii) e ali ficamos um bom tempo, já que os bichinhos colaboram bastante nessa época em que estão nas suas arenas. Na minha opinião, é o beija-flor mais bonito do RS. É claro que não ficamos só em Pelotas, fomos até o município do Morro Redondo e por ali encontramos mais algumas espécies bem legais, como o corocoxó (Carpornis cucullata) e o pica-pau-dourado (Piculus aurulentus). Pra mim foi uma novidade encontrá-los por ali, ainda mais pelo horário que já se aproximava do meio-dia.
É claro que também aproveitamos pra revisitar o Sítio Flor & Osória e o Izaias matou a saudade do Gusta e da Fabi, que sempre tem um carinho muito grande por quem visita o Sítio!!
Algumas espécies registradas na Serra dos Tapes:
Sempre vou fazendo listas durante as passarinhadas e nesses 4 dias, encontramos nada mais, nada menos que 154 espécies, como mostra o nosso Trip Report no eBird. Muitas delas foram super bem fotografadas pelo Izaias.
Eu nem sei como encerrar esse post, porque eu amo o Izaias… Pensa num cara nota 10, que tá sempre dando conselhos, tirando sarro e conversando contigo como se fosse um pai? Pois é, 77 anos de muita experiência e saúde que nos motivam a querer chegar nessa idade exatamente igual ele está… É muito bom estar com pessoas assim, renovam nosso espiríto e nos motivam pra seguir trabalhando bastante em busca dos nossos objetivos! Se aprendi alguma coisa com ele nessa expedição foi a ter: “FOCO”. Essa palavra foi usada por ele em diversas oportunidades durante nossas conversas. Querendo ou não, tudo se resume a isso: TER FOCO!! Seja pra passarinhar, seja numa foto, seja pros projetos pessoais, tem que ter foco e ir atrás.
Obrigado, meu amigo! Que possamos estar juntos em breve atrás de passarinho!!
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