DIÁRIO DE GUIA: Bel e Luiz Carlos

Por: Raphael Kurz

Bora falar de passarinho mais uma vez? Enfim, uma folga de quatro dias… Nessa época do ano é excelente pra passarinhar no Rio Grande do Sul, com isso, fica difícil conseguir manter todas as coisas atualizadas, principalmente o blog que demanda bastaaaante atenção e tempo pra renderizar fotos, organizar a galeria e ter inspiração pra escrever. Mas enfim, final de domingo geralmente é um dos momentos que mais gosto de parar, sentar e organizar a semana e é o momento que pego o notebook pra trabalhar… Quando a “inspiração” vem, resolvo aproveitar e escrever aqui!! Aos poucos estou conseguindo resolver o problema de redirecionamento que o site estava sofrendo, agora acredito que esteja tudo tranquilo e todo mundo consiga ler de boa!!

Sobre a expedição:

O Luiz estava afim de vir em maio desse ano, mas resolveu vir agora no final do ano, no início da temporada das aves migratórias. Ele e a Bel ficaram aqui no RS durante 5 dias passarinhando conosco (17 ao 21 de outubro) e juntos rodamos por alguns locais super importantes pra observação de aves no estado, com destaque para o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, um dos locais mais apreciados por observadores de aves do planeta inteiro. Ainda na planície costeira, seguimos aqui em Rio Grande, outro município incrível com uma avifauna repleta de aves endêmicas/restritas ao Rio Grande do Sul.

Rio Grande e Pelotas

Iniciamos e terminamos nossa expedição em Rio Grande e visitamos alguns hotspots importantes do município. Fomos até a Praia da Capilha, que fica na Lagoa Mirim, a maior lagoa do Uruguai que tem uma importância incrível para as aves daqui de Rio Grande, porque a Lagoa Mirim é um dos principais motivos da ESEC TAIM ser tão cheia de água e de vida. Por ali, encontramos diversas espécies aquáticas e nas dunas da Capilha, encontramos o endêmico curriqueiro (Geositta cunicularia), uma espécie que ocorre nesse ambiente e que é encontrada apenas no RS. Me chamou a atenção a enorme quantidade de água que ainda está aqui nessa região. A Lagoa Mirim está explodindo de água, impossibilitando que circulássemos de carro na sua margem. Em Pelotas, fomos em algumas áreas bem legais  com objetivos definidos: Encontrar a saracura-carijó (Pardirallus maculatus) e o também endêmico, caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus) e conseguimos encontra-los na nossa última tarde de expedição por aqui.

Algumas espécies registradas em Pelotas e Rio Grande:

Parque Nacional da Lagoa do Peixe

Um dos maiores objetivos era encontrar as aves limícolas/migratórias, então fomos até a Lagoa do Peixe, que sem duvidas é o melhor lugar para observar essas espécies. Obviamente, além delas, também tínhamos a chance de ver algumas outras aves.

Tem uma espécie que é daquelas cascudas, sabe? Que tá sempre na lista de lifers de todo mundo que vem pra cá e que infelizmente é bem difícil de conseguir fazer foto. Essa espécie é a sanã-cinza (Laterallus spilopterus), um ralídeo que vive aqui no Rio Grande do Sul e o seu ambiente é nas marismas na beira das lagoas que sofrem influência do mar. Ou seja, ela vive praticamente em ambientes que são muito difíceis de acessar e ela tem uma particularidade (coisa que eu noto, é claro). Ela é uma espécie que não adianta tocar o playback de um lado que ela não vai atravessar as marismas pra se aproximar. A grande sacada é caminhar em ambientes propícios e torcer pro bichinho vocalizar em alguma área propícia pra foto.

Como geralmente o ambiente é uma lama fétida e um atoleiro brabo, eu pedi pro Carlos ficar na estrada enquanto eu caminhava esse percurso de 2km numa área potencial para encontrá-la. Caso eu achasse, eu ligaria e ele me encontraria… Enfim, lá fui eu caminhando naquele terreno super chato de se caminhar até que um indivíduo vocalizou, chamei o Carlos e ele veio até mim… Infelizmente esse território era muito fechado, com as marismas bem preservadas e não conseguimos fazer ela aparecer. Vocalizou um pouco na volta e acabou não saindo, infelizmente.

Seguimos caminhando, dessa vez o Carlos estava comigo e vi uma área super limpa, aberta mesmo e até comentei que aquele seria o local perfeito pra ela aparecer. Mesmo sem acreditar muito, resolvi tocar o playback ali, visto que ela sempre responde quando estamos no seu território. Assim que coloquei o seu chamado ela prontamente respondeu.

Se formou o cenário perfeito: Ambiente aberto + luz boa + território da sanã.

Nos posicionamos e toquei mais uma vez e ela saiu bem no limpo, estávamos longe, mas o registro já foi motivo de muita comemoração. Eu sou bastante otimista e falei pra nos aproximarmos e tentar fazer valer a rara chance que tínhamos. E não deu outra, conseguimos fazer excelentes registro dessa espécie que é um fantasma aqui do RS. E sim, só conseguimos esse registro por estarmos na época certa, pois os ralídeos estão muito ativos nessa época do ano por aqui. Sem dúvidas registrar essa sanã foi o ápice da viagem.

Algumas fotos da sanã-cinza:

É claro que além dessa espécie incrível, conseguimos ver outras diversas aves na Lagoa do Peixe. Infelizmente a Lagoa dos Patos ainda está com o nível d’água muito alto e não conseguimos acessar a área que geralmente vejo o papa-piri (Tachuris rubrigastra) e outras aves de banhado. Eu confesso que nunca vi algo assim por aqui, é MUITA ÁGUA nas lagoas, impressionante.

Conseguimos presenciar a chegada das aves limícolas na Barra da Lagoa do Peixe, centenas de trinta-réis e maçaricos sobrevoando nossas cabeças e um bando de flamingos-chilenos (Phoenicopterus chilensis) também marcaram presença.

Mas na minha opinião, o registro mais importante (depois da sanã-cinza), foi da narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris), outra espécie cascuda que sempre dá um pau na maioria dos observadores de aves. Dessa vez eu peguei o binóculos e fiquei cuidando de longe, num território conhecido e consegui encontrar dois indivíduos escondidos atrás das moitas, como é seu comportamento tradicional. Fomos nos aproximando e elas ali, imóveis. Foi outro momento de bastante comemoração. Afinal, essa é outra espécie incrivelmente rara que é encontrada por aqui nessa época do ano.

Alguns registros feitos na Lagoa do Peixe:

Assim como eu, o Carlos também é usuário assíduo do eBird e juntos fomos fazendo as listas de tudo que fosse aparecendo durante essa expedição aqui pelo sul e juntos, conseguimos observar 147 espécies. Número bem legal, levando em conta que percorremos apenas áreas úmidas da planície costeira e litoral.

 

Encerro esse post agradecendo ao Carlos e a Bel pelos nossos dias juntos. Foi muito legal compartilhar com vocês essas experiências incríveis que é observar aves aqui no RS. Também agradeço ao Carlos pelas dicas que ele me deu sobre o eBird. É incrível como essa plataforma está cada vez melhor e tem funcionalidades que eu desconhecia, impressionante o quanto isso agrega na observação de aves no mundo inteiro. Quer uma dica? Faça listas!!!!

 

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