Por: Raphael Kurz
Bora escrever sobre mais uma expedição!! Nessa última semana, dos dias 17 ao 22 de julho, tive o prazer de receber aqui na região, o Xavier e o Julio, dois espanhóis que vieram passarinhar no Rio Grande do Sul! O Xavier já mora em Porto Alegre há alguns anos e o Julio sempre foi seu parceiro pras passarinhadas, então dessa vez ele veio da Espanha pro Brasil pra ver algumas espécies daqui!
Sobre a expedição:
Se não me engano, meu primeiro contato como Xavier foi em março e na nossa conversa, ele deixou claro que um dos principais objetivos da vinda do Julio era ver algumas espécies de pica-paus. Muito legal isso, porque é a primeira vez que recebo alguém que está focado em ver uma família de aves. Além disso, também queriam ver as aves do Parque do Espinilho, local incrível pra observação de aves aqui no Rio Grande do Sul!!
Começamos a expedição na tarde de segunda-feira, aqui em Pelotas. Fomos na Associação Rural, local que comecei a minha vida de observador de aves, em 2013 (Sim, 10 anos atrás)!! E por aqui, já deu pra ver algumas espécies bem legais, como a jacurutu (Bubo virginianus), maior coruja das Américas. No nosso segundo dia, atravessamos o estado pra chegar até o Parque do Espinilho, mas antes a gente passou em Aceguá pra ver uma das espécies mais importantes da expedição, o picapauzinho-carijó (Picumnus nebulosus). Logo que chegamos na área dele, o sentimento era de que enfim, a expedição havia começado! Quem é guia sabe o sentimento que é ir atrás de uma espécie muito importante pro cliente. Inicialmente é uma pressão, mas com o tempo a gente vai se acostumando com isso e vamos tornando tudo mais natural e mais fácil… O picapauzinho logo apareceu, mas estava bem difícil de fotografá-lo, pois ele pousou na contra-luz e não deu muita bola ao playback, mas tivemos bastante paciência e esperamos ele vir pro outro lado da estrada, aí foi um show! Acabamos vendo dos indivíduos e conseguimos observar a sua alimentação e seu comportamento. Quando escrevo que conseguimos observar, é porque conseguimos ver todo o comportamento dele de maneira bem natural, sem usar playback nem nada, nos aproximamos enquanto ele se alimentava em meio a vegetação baixa, que ele vive.
Alguns registos desse lindo e pequeno pica-pau:
Parque do Espinilho
No Parque do Espinilho, tínhamos dois dias inteiros pra irmos atrás das principais espécies do Parque. Como todos sabem, o Espinilho é um dos principais locais pra observação de aves no Rio Grando do Sul, já que algumas espécies ocorrem apenas lá no território nacional, então é sempre bom irmos atrás dessas espécies!
Na nossa passagem pelo Parque, conseguimos ver quase todas que procurávamos. O pica-pau-de-barriga-preta (Campephilus leucopogon) é muito difícil de aparecer e dedicamos quase uma manhã pra tentarmos achá-lo e não conseguimos. Além dele, não conseguimos ver o rabudinho (Leptasthenura platensis), espécie que geralmente aparece e o corredor-crestudo (Coryphistera alaudina), pela segunda vez não deu as caras… O que até me preocupa, porque é uma espécie que há poucos indivíduos na região. Espero que na minha próxima ida agora no início de agosto eu possa reencontrá-los!
Mas vamos esquecer o que não apareceu e focar no que apareceu!! A espécie “mais admirada e procurada” é sempre o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) e esse deu um show!! Foram 4 indivíduos, provavelmente um deles era um jovem que nasceu na primavera passada no Parque. Conseguimos encontrá-los nos dois dias que entramos no Parque e foi um show!!
Além dessa belezura, conseguimos ver várias espécies típicas da região! Com destaque para os endêmicos, lenheiro (Asthenes baeri), tio-tio-pequeno (Phacellodomus sibilatrix) e coperete (Pseudoseisura lophotes)! Essas são tão raras quanto o cardeal-amarelo, mas talvez não chame muito a atenção dos observadores, pois não são tão bonitos quanto o cardeal… Falando em beleza, o arapaçu-platino (Drymornis bridgesii) resolveu dar um show à parte, na minha opinião, essa é a espécie que mais tem a cara do Bioma Pampa e é sempre bom conseguir mostrá-lo pra quem quer tanto ver!!
A surpresa da vez, ficou por conta do tauató-miúdo (Accipiter striatus), um falcão que é um exímio predador/caçador de pássaros que apareceu e ficou imóvel por alguns segundos na nossa frente. Me chama muito a atenção que essa espécie tem se tornado relativamente comum dentro do Parque, foi a quarta ou quinta vez que eu vejo um indivíduo por ali. Acho bom a passarada ficar de olho bem aberto, se não vai virar refeição de falcão kkkkk Tomara que ele visite apenas os sabiás e pombas e fique longe dos cardeais-amarelos!!
Algumas espécies registradas no Parque
Além do Espinilho…
Além do Parque do Espinilho, conseguimos visitar outras áreas. Como eu falei no início desse post, começamos por Pelotas, passamos por Aceguá e ainda tivemos tempo pra passar em Bagé na volta pra ver o arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris) e o tio-tio (Phacellodomus striaticollis), espécie típicas da Campanha Gaúcha. Além de Bagé, fomos no Sítio Flor & Osória e na parte da noite, a estrela da região deu um show, a corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae) colaborou bastante e deu pra fazer ótimas fotos logo no início da noite!!
Terminamos a expedição no sábado, em Rio Grande. Onde na parte da manhã, fomos rapidamente ver as migrantes de inverno, como o colegial (Lessonia rufa), o pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus) e a andorinha-chilena (Tachycineta leucopyga).
Algumas fotos feitas nesses outros locais que visitamos:
De acordo com o Trip Report do eBird, nós observamos 158 espécies nesses 6 dias juntos, muitas delas ameaçadas e endêmicas do Rio Grande do Sul.
Muito além de passarinhar…
Observação de aves é sempre uma boa oportunidade de conhecer lugares, de conhecer pessoas e de conhecer culturas… Eu sempre costumo usar o final do post pra agradecer aos meus clientes pela oportunidade e por ter confiado no meu trabalho, mas dessa vez eu quero dizer muito obrigado ao Xavier e ao Julio por esses ótimos dias ao lado de pessoas incríveis. Confesso que foi muito difícil me despedir, mas sei que logo estaremos observando aves juntos novamente e isso já deixa o coração um pouco mais tranquilo.
Sabe quando você conhece uma pessoa e parece que é amigo de longa data? Esse foi o sentimento que tive nessa semana, foram incrível as nossas conversas, as músicas que ouvimos durante as viagens e a noite de sexta-feira, onde jantamos com uma música ao vivo com o repertório igual ao que ouvimos no carro. Parece que havia sido combinado com o cantor do bar, mas não foi! Não sei explicar, mas esse tipo de coisa é muito massa e é o que me faz mais feliz e me motiva a continuar trabalhando. Como é bom conhecer pessoas de bom coração e que agregam nas nossas vidas, isso não tem preço! Obrigado, meus amigos!!
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Já estamos com a agenda pra 2024 aberta! Quer passarinhar conosco? Agende sua saída!
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