Por: Raphael Kurz
E lá vamos nós falar mais uma vez de passarinho por aqui! Nos últimos dias estivemos super envolvidos nas saídas de campo e na oficina de introdução ao birdwatching que realizamos juntamente ao pessoal do Sítio Flor & Osória, então acabei deixando de publicar os relatos aqui no blog. Acredite se quiser, mas algumas pessoas me cobram para que eu escreva, por mais que eu ache que quase ninguém perca tempo lendo nada hoje em dia… Mas enfim, bora falar de mais uma expedição fantástica por aqui, onde tive a oportunidade quatro caras incríveis que agora posso até chamar de amigos!!
Sobre a expedição:
Do dia 28 de agosto ao dia 04 de setembro, tive a honra de receber esse quarteto aqui na região. Eles vieram do Espírito Santo e juntos rodamos por hotspots importantes para a observação de aves no Rio Grande do Sul. Essa viagem já estava programada há alguns meses, graças ao Filipe que tomou a frente e ajudou a montar tudo certinho! Juntos, visitamos Rio Grande, a região da Campanha Gaúcha, o Parque do Espinilho e é claro que também fomos no Sítio Flor & Osória. Foram 8 dias incríveis, com muita ave legal encontrada e registrada.
Campanha Gaúcha
Na região da Campanha Gaúcha tivemos diversas surpresas, como sempre. Costumo parar em Pinheiro Machado antes de irmos para o Espinilho, pois ali, já dá pra ver bastante coisa legal, fazendo com que a gente comece muito bem a viagem. Nesse município, encontramos o ameaçado arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris) e além dele, pudemos observar um comportamente incrível do veste-amarela (Xanthopsar flavus). Foi a primeira vez que vi o grupo acompanhando um PRIMAVERA, geralmente a ave sentinela pra eles é a noivinha-de-rabo-preto (Heteroxolmis dominicanus). Noutra oportidade e no mesmo local, já havia registrado o mesmo bando seguindo uma maria-preta-de-penacho (Knipolegus lophotes). Não sei se esse comportamento é normal, mas sempre bom observar essas novidades. Além de Pinheiro Machado, visitamos Bagé e Aceguá. Municípios que considero de extrema importancia pra encontrar várias das espécies típicas da Campanha Gaúcha, no coração do pampa. Em Aceguá o que chamou a atenção foi a quantidade de estorninho (Sturnus vulgaris), nunca havia visto tanto indivíduos em pontos diferentes, realmente eles estão se espalhando com muita velocidade pela região. A espécie que deu show pras lentes da galera foi o caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus), mais uma espécie de ocorrência restrita ao Rio Grande do Sul e que todo observador quer encontrar, quando vem pra cá.
Dá uma olhada nos registros feitos na região da Campanha Gaúcha:
Parque do Espinilho
O Parque do Espinilho é muito especial e se você quiser conhecer todos os detalhes desse destino, CLIQUE AQUI. Eu costumo falar que o Parque mexe com o imaginário de todo observador de aves, já que é um local que todos querem conhecer… Mas não é por menos, é um dos locais com o maior número de endemismos aqui do Rio Grande do Sul e adivinha o que fomos fazer lá? Exatamente, tentar encontrar essas aves endêmicas… E com bastante caminhada, conseguimos encontrar todas as espécies possíveis por lá. Mas não pensa que foi fácil não, teve gente que até perdeu o celular dentro do Parque… Kkkkkk mas por sorte conseguimos encontrar.
O cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) deu bastante trabalho dessa vez. Pra quem não sabe, é TOTALMENTE PROIBIDO utilizar o playback para atraí-lo, é regra do Parque e nós sempre seguimos. Outra regra é que obrigatóriamente adentramos o Parque com algum funcionário (gestor ou monitora) e dessa vez quem encontrou o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) foi a Bia, que sempre nos auxilia quando estamos por lá. Até hoje não ficamos NENHUMA VEZ sem encontrar o cardeal. Sempre é bom ir pra lá com tempo, pra evitar imprevistos climáticos (vento e chuva) pra tentar conseguir encontrar todas espécies que procuramos e até hoje tem dado certo!!
Alguns registros feitos no Parque do Espinilho e região:
Rio Grande
Os guris vieram uma semana antes da grande enchente que devastou algumas áreas do nosso estado. Praticamente toda água dessa chuva acaba indo pro Lago Guaíba e posteriormente vem pra Lagoa dos Patos e por fim, desemboca no mar aqui em Rio Grande. Porque estou falando isso? Porque os locais que visitei com eles há quase 40 dias atrás estão praticamente inacessíveis devido ao alto volume de água que ainda está aqui na região. É incrível ver e observar a força da natureza agindo… Rio Grande nessa época do ano é sensacional, local onde podemos encontrar praticamente todas as aves da planície costeira sem muito trabalho. Período perfeito pra quem gosta de fazer boas fotos e pra quem tem paciência de procurar a bicharada. E com esse grupo foi assim, fomos atrás de várias espécies que considero difíceis e encontramos diversas delas!! O cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus) e o tricolino (Pseudocolopteryx sclateri), na minha opinião, foram as espécies que mais nos alegraram aqui por Rio Grande. São aves lindas que entram pro time da “fofofauna”, (essa aprendi com o Leopoldo) hahahahah Mas além dessas duas espécies, vimos várias aves legais, como o colegial (Lessonia rufa) e a batuíra-de-peito-tijolo (Charadrius modestus), migrantes austrais aqui no sul.
Alguns registros feitos aqui em Rio Grande:
Sítio Flor & Osória
Nosso último dia de expedição foi no Sítio Flor & Osória, local com o melhor comedouro da região sul do RS, talvez seja o melhor e único comedouro ativo do nosso estado e como estava chovendo, foi excelente… Excelente pra ver as aves do comedouro e excelente para passarmos a tarde jogando sinuca e falando bobagem kkkkkkkkkkk E sim, foi exatamente isso que a gente fez no nosso último dia de viagem, já que estava chovendo pra caramba, ficamos conversando e apanhando pro Renan na sinuca kkkkkkkkkkkk
Alguns registros (das aves kkk) no Sítio:
Encerramos a viagem com 186 espécies observadas, de acordo com nosso TripReport no eBird. Falo nosso, porque os guris também curtem fazer listas e conseguimos ver muitas espécies incríveis por aqui. O que eu acho mais importante é ver as aves endêmicas e as raras que estão aparecendo na época que a galera vem pra cá. As mais comuns vão aparecendo naturalmente e o roteiro é montado sempre pra ver a maior quantidade de espécies endêmicas daqui.
Encerro esse post agradecendo aos guris pela parceira incrível nesses dias. Parecia que eu estava com 4 amigos intímos de tão a vontade que estávamos. Passamos 50% do tempo vendo passarinho e 50% do tempo falando bobagem hahahaha Tá, confesso que além das bobagens também teve muita coisa produtiva conversada nesses 8 dias. Agora tenho que ir pro ES passar uns dias com eles pra matar a saudade, mas 2024 é logo ali e estaremos juntos novamente. Agradeço a confiança no meu trabalho e pelos ótimos dias que tivemos juntos, até a próxima!!
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