Por: Raphael Kurz
Iniciamos o mês de novembro falando de passarinho (mais uma vez). Eu fico tão contente com os feedbacks que recebo desses posts aqui, uma pena é que não consegui habilitar a publicação de comentários sem ser pelo Facebook e com isso acabamos deixando de receber os comentários de quem nos lê, mas faz parte.
Outubro foi um mês cheio, cheio de passarinhadas, cheio de histórias e cheio de coisas boas e finalizamos o mês com uma baita expedição, que você lerá a seguir.
Sobre a expedição:
Desde o ano passado, a Elenita já falava comigo pra vir pra cá. Eles são de PoA e a logística acaba ficando facilitada devido a curta distância entre Porto Alegre e Pelotas. Acabamos combinando e organizando a nossa expedição para o final do mês de setembro, mas acabamos remarcando para o final de outubro devido a uma cirurgia que o Volni precisou fazer no joelho e com isso, ele ficaria impossibilitado de passarinhar por aqui.
Passamos 6 dias juntos (23 ao 28 de outubro) e percorremos pela Lagoa do Peixe, Pelotas, Rio Grande e Morro Redondo, no Sítio Flor & Osória. Inicialmente iríamos para a Campanha, mas como a estrada estava e está com um desvio, acabamos decidindo ficar só “por aqui mesmo” e foi incrível.
Rio Grande e Pelotas
Lá vai o Raphael falar bem de Rio Grande de novo, mas como não vou falar? Se por aqui conseguimos encontrar dezenas de espécies incríveis? Pois é, Rio Grande é um playground pra todo observador de aves que gosta de aves de áreas abertas…
Iniciamos nossa expedição por aqui e conseguimos ver muitas espécies legais, com destaque para a fragata (Fregata magnificens), espécie bem incomum aqui no extremo sul do Brasil e que é bem fácil de ser vista em vários locais do litoral brasileiro. Também conseguimos ver super bem o savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), que é uma ave típica de manguezal e pra surpresa de muitos (inclusive a minha), há uma população bem grande aqui em Rio Grande.
Outras espécies legais que vimos em Rio Grande foram o gavião-preto (Buteogallus urubitinga), o gavião-do-banhado (Circus buffoni) (muito abundante aqui) e o lindo, sanhaço-de-fogo (Piranga flava).
Em Pelotas, passamos apenas uma manhã, que foi incrível. Conseguimos fazer o primeiro registro da corruíra-do-campo (Cistothorus platensis) para a o município. Infelizmente estava muito, mas muito longe e a foto não saiu lá grandes coisas, mas sem problemas. Nesse caso o que vale é a importância do registro e não a qualidade da foto.
Algumas espécies registradas em Pelotas e Rio Grande:
Parque Nacional da Lagoa do Peixe
O paraíso das aves migratórias existe e é aqui no Rio Grande do Sul. Todo mundo tem o sonho de conhecer a Lagoa do Peixe e não é por menos, por aqui conseguimos ver diversas espécies de aves limícolas e nesse período, elas estão cruzando a região e descendo para o sul do continente. Possibilitando o encontro de diversas espécies na região.
Infelizmente algumas estradas e a Lagoa dos Patos estão praticamente inacessíveis pelo excesso de água dos últimos meses aqui no sul e como essa água segue descendo pela Lagoa dos Patos, acabamos ficando sem conseguir até locais que tradicionalmente visitamos, mas faz parte do jogo. Perde-se de um lado e ganha-se do outro, porque assim conseguimos dedicar mais tempo em áreas super importantes, como a Estrada do Talha-Mar, onde encontramos diversas espécies legais.
A marreca-colhereira (Spatula platalea) é uma dessas espécies e nessa época a diversos casais por ali e geralmente nidificam nas marismas que margeiam a Lagoa do Peixe. Além dela, por ali conseguimos encontrar o caminheiro-de-espora (Anthus correndera), outro habitante assíduo dos campos alagados da região.
Mas o que chama muito a atenção na Lagoa do Peixe são os flamingos-chilenos (Phoenicopterus chilensis) e é claro que era um dos nossos maiores objetivos durante a expedição. Conseguimos ver dezenas de indivíduos e a nossa dificuldade maior era conseguir encontra-los com uma luz favorável pra foto. Investimos em três oportunidades e na última, o sol se fez presente fazendo com que fosse possível melhorar os registros. (Na galeria de fotos abaixo, você verá diversas fotos deles e notará que há diferença nos tons de cada foto). Isso acontece por causa do horário e do turno que fomos até a área em que eles estavam aparecendo.
Além da Lagoa do Peixe, na volta pra Rio Grande resolvemos dar uma parada em São José do Norte e por ali, o show ficou por conta da linda e emblemática, viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus).
Alguns registros feitos na Lagoa do Peixe e São José do Norte:
Serra dos Tapes – Sítio Flor & Osória
O Sítio Flor & Osória já é parada obrigatória para o pessoal que vem pra cá e o que mais impressiona é que está cada vez melhor de ver aves por ali. O trabalho que o Gustavo e a Fabi estão fazendo é digno de aplausos e fazem com que cada observador se sinta em casa quando visita o Sítio.
O Sítio é conhecido pelos seus comedouros que atraem diversas espécies típicas aqui do sul, como o sanhaço-papa-laranja (Rauenia bonariensis) e a saíra-preciosa (Stilpnia preciosa). Além dessas espécies, os tucanos também dão um show à parte.
Alguns registros feitos no Sítio Flor & Osória:
Durante o dia de campo eu sempre vou fazendo listas e submetendo-as no eBird. O eBird é igual ao Wikiaves, depois que a gente começa, esquece… Nunca mais conseguimos parar! E isso é muito bom, porque conseguimos ter uma boa noção da quantidade de espécies que encontramos durante o dia e consequentemente conseguimos saber a quantidade exata de aves observadas durante a viagem devido ao Trip Report que a plataforma nos permite fazer. Com base em 18 listas e 6 dias, deu pra ver que conseguimos observar 171 espécies de aves. Levando em conta que não rodamos por muitos ambientes diferentes, chego a conclusão que conseguimos ver muita coisa legal e uma quantidade considerável de espécies típicas do extremo sul.
Encerro esse post agradecendo ao Volni e a Elenita pela parceria e pelos excelentes dias que tivemos juntos. Além das aves, com certeza as conversas foram muito produtivas e aprendi muitas coisas com esse casal nota 10! É claro que as aves são muito importantes, mas nem sempre só isso que faz com que as expedições sejam legais. Uma boa companhia, um bom papo e alguns conselhos são o que eu sempre guardo pra mim e pra minha vida. E ah… Como é bom estar com um gremista, encontrei até um parceiro pra assistir o jogo do Grêmio na quarta-feira passada e é claro, como bons pé-quentes, ganhamos o jogo! Hahahaha
Brincadeiras a parte, obrigado por tudo e até a próxima!!
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