DIÁRIO DE GUIA: Júlio Silveira

Bora contar mais um relato de guiada? Dessa vez, uma das mais legais que tive a oportunidade de estar junto, que foi guiando o Júlio Silveira, um dos melhores e mais preparados fotografos que já conheci pessoalmente.

Então, pra contar um pouquinho de como começou essa nossa passarinhada… O Júlio entrou em contato comigo uns meses atrás querendo saber se eu tinha disponibilidade de guiá-lo no período das férias dele e eu mandei minha agenda pra ela. Na agenda, eu tinha um intervalo de 5 dias de folga e ele conseguiu encaixar com a agenda dele e acertamos pra ele vir justamente nesses dias que eu iria descansar, mas eu acredito que descansei mais estando com ele, que em casa. Kkkkk

O roteiro que definimos foi Lagoa do Peixe e Rio Grande, como tínhamos 5 dias, daria pra fazer muita coisa legal e sem muita correria.

Quando encontrei o Júlio no hotel em Mostardas, sentamos pra conversar e alinhar os objetivos e definir as prioridades. Gosto de fazer isso quando é uma lista pequena, com espécies específicas e ele foi bem direto nas prioridades dele: “Eu quero fotão da sanã-cinza e da narceja-de-bico-torto”. Na hora eu falei que não era nada fácil, mas que faríamos o possível pra tentar fazer isso acontecer. Logo na segunda-feira pela manhã, nos deslocamos para área onde poderíamos ver a sanã e ouvi o joão-platino cantar, outra ave bem difícil de ser vista e o Júlio não quis nem saber, estava focado no objetivo dele, a sanã.
Começamos a caminhada explorando alguns pontos possíveis, foi quase 1 hora de um lado pro outro até que eu vi um local que tava com “a cara” dela. Coloquei o playback e pá! Golaço!! O bicho cantou! Bom, mas como não queríamos que ele apenas cantasse, precisamos nos organizar pra fazer a foto dela, né? Nos posicionamos e eu fiquei bem atrás do Júlio tocando o playback e torcendo pra que ela se mostrasse… E aí, sabe o que aconteceu? Golaço! Nas primeiras horas da expedição, já tinha dado uma boa foto da bichinha. Não satisfeitos, organizamos o local pra voltarmos no dia seguinte pra tentar melhorar o registro. Terminamos a manhã com o saldo extremamente positivo e eu sem um peso enorme nas costas. Kkkk Quem é guia sabe da responsabilidade que carregamos.
Na parte da tarde fomos atrás da narceja-de-bico-torto, outra ave difícil de se registrar. Caminhávamos pra lá e ela voava pra cá, ficamos um bom tempo atrás dela até que o Júlio conseguiu uma foto “nota 5” em voo, mas ele já estava satisfeito, de acordo com a dificuldade que era pra fazer esse registro. Nos afastamos da área e fomos dar uma caminhada, esperando o sol baixar pra ficar a luz ideal pra fotografia. É, o Júlio é muito exigente e entende do negócio. Na volta, resolvemos passar novamente pela área da bichinha, mas dessa vez com uma estratégia… Como já havíamos percebido onde uma das narcejas pousavam, o Júlio ficou esperando e eu fui caminhar no charco pra ver se ela voava e pousava perto dele. Adivinha o que aconteceu? Mais um golaço! Quando eu percebi, o Júlio tava igual louco clicando a bichinha e eu de longe comemorando que a estratégia tinha dado certo.

Eaí, tínhamos 5 dias juntos e logo no primeiro, o objetivo já havia sido alcançado! O que fazer quando isso acontece? Decidimos voltar na segunda manhã lá na sanã pra fazer a foto definitiva e tudo certinho, organizado, programado pra tentar… Nem vou me estender muito, porque voces vao ver a foto no final do post, mas o Júlio fez uma das melhores fotos da espécie e até eu, com minha humilde superzoom, consegui uma foto dela no limpo. Muita tecnica e paciência fazem com que as coisas aconteçam.

Falando nisso, as vezes algumas pessoas chegam aqui e querem fazer todas espécies possíveis da lista de lifers, mas não é assim que funciona, não tem como ver tudo de uma vez só, esse é um fato que todo observador tem que entender. Não estamos indo no zoologico fotografar aves presas. Na natureza, há muitas variações (clima, horário, época e outros) que fazem com que nem sempre consigamos ver tudo em pouco tempo. Na saída com o Júlio isso ficou muito claro, o foco era em apenas 2 espécies, mas depois que as duas principais foram registradas, começou “a festa”.

Dá uma olhada nas fotos da Lagoa do Peixe: (No final do post são as fotos do Júlio)

Depois de tudo ter dado certo logo nos primeiros dias, o Júlio sugeriu que a gente rodasse por locais legais pra ele fazer boas fotos. Eu sugeri irmos em Rio Grande e no Sítio Flor & Osória, dos nossos parceiros Gustavo e Fabiana. Ficamos praticamente 3 dias juntos, vendo várias espécies e sempre focados em fazer fotos boas. Ficamos quase 2 horas esperando o sol baixar num local onde tem um casal de saracuras-do-banhado pra conseguir uma foto decente delas. Mais uma vez o Júlio arrebentou! Fotaço!

Abaixo, algumas fotos feitas em Rio Grande: (No final do post você verá as fotos do Júlio)

Encerramos a expedição com um gostinho de quero mais. Aprendi muito, mas muito mesmo com esse cara nota 1000 que é o Júlio. Muita conversa boa, troca de experiências e além de tudo, ótimas fotos. Pedi pra ele separar algumas fotos que ele fez, pra mostrar o excelente trabalho que ele faz, dá uma olhada aí:

Encerro essa publicação mostrando que sim, dá pra fazer muita foto legal. Mas pra isso acontecer, precisa-se de paciência, DOMÍNIO DO EQUIPAMENTO e mais uma vez, de paciência. Quase todas essas fotos foram tiradas com um bom tempo de organização e perícia para que elas acontecessem.
O Júlio fez essa viagem toda de carro, veio do estado de São Paulo até o sul e voltou. Totalizando 3950km. Segundo ele, deu pra registrar mais de 60 espécies muito bem fotografadas e ao total foram 7 lifers, o que é um ótimo número pra quem já tinha vindo ao sul e já tem quase 980 espécies registradas.

Não posso deixar de lembrar da Vania, esposa do Júlio que foi uma super parceira nessa expedição. Enquanto estávamos em campo, ela aproveitava pra fazer turismo nas cidades que visitamos. Tenho certeza que ela caminhou tanto quanto nós.

No mais, era isso! Logo mais vou postar sobre as outras expedições que fizemos no mês de setembro!

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