DIÁRIO DE GUIA: Janine e Fernando Bondan

Por: Raphael Kurz

E hoje eu estou aqui na região do Espinilho e como está chovendo pra caramba, abortamos a ida pro Parque e eu aproveitei esse tempinho precioso que surgiu pra escrever sobre mais uma expedição aqui no RS. Amanhã estamos partindo para o Parque Nacional del Iberá na Argentina, vai ser uma expedição incrível, sem dúvidas e logo logo vai estar tudo bem detalhadinho aqui no blog!!

Sobre a expedição:

O Fernando e a Janine já estavam se organizando pra vir em outras datas pra passarinhar conosco, mas por questões de agenda e tempo, nunca conseguíamos marcar nada. Mas como eles são aqui do Rio Grande do Sul mesmo, a logística fica mais fácil de ser ajustada e conseguimos uma janelinha de disponibilidade de 2 dias e ficamos juntos nos dias (14 e 15 de novembro), no feriado.

Bueno, como o objetivo principal deles é fotografar todas as aves dentro do território do RS, a lista de lifers vai ficando cada vez menor e mais restrita, fazendo com que eles tenham que dedicar mais tempo em alguns locais pra tentar ver uma ou outra espécie que faltam “pra coleção” deles.

Quando o Fernando me passou a lista de espécies, eu dei uma estudada e vi que tinha algumas possíveis e outras quase impossíveis (que ainda são lifers pra mim, inclusive). Quem me conhece sabe que eu gosto de jogar claro e sempre deixo bem nítido o que tem chance e o que não tem, pra não deixar as pessoas com a expectativa lá em cima, ainda mais em casos como esse que são espécie bem pontuais.

Em 2 dias, o nosso objetivo era rodar por Rio Grande e Pelotas, e em cada turno, visitar um ambiente diferente do outro, fazendo com que aumente a possibilidade de encontrar as espécies-alvo da lista.

O Fernando e a Janine já estavam passarinhando na região há 2 ou 3 dias antes de começarmos a nossa parte juntos e nesses dias eles já haviam conseguido ver algumas espécies da lista inicial, fazendo com que a nossa lista inicial diminuísse bastante e isso foi super importante, pois focamos exatamente naquilo que precisava ser focado.

Enfim, bora contar como foi a experiência por aqui?

Em Rio Grande, logo na primeira manhã fomos até a área de nidificação do estorninho (Sturnus vulgaris) e por ali ficamos cerca de 30 minutos até eles aparecerem e permitirem algumas fotos. Seguimos atrás da sanã-cinza (Laterallus spilopterus), que respondeu em diversos pontos, mas não quis aparecer de jeito nenhum. Quem já tentou ver essa espécie sabe o quanto ela dificulta a nossa vida e acabamos não conseguindo clicar essa danadinha. Rodamos pela Praia do Cassino e ali tentamos ver outra ave bem rara, o maçarico-de-bico-fino (Calidris bairdii) e não conseguimos encontrá-lo. Essa espécie eu vi apenas uma vez na vida e faz um bom tempo que não a vejo por aqui. Isso não significa que ela não apareça com mais frequência, mas como a Praia do Cassino é muito movimentada nessa época, faz com que essas espécies se dispersem pra outras áreas e nós não conseguimos encontrá-la.

Na parte da tarde seguimos em Rio Grande atrás de aves limícolas e não rolou nenhum lifer, mas deu pra fazer registros bem legais do pisa-n’água (Phalaropus tricolor). Nessa área o objetivo era tentar ver a marreca-colorada (Spatula cyanoptera), essa vem aparecendo, mas é um fantasmão que aparece em locais diferentes da região. Uma pedra no sapato, porque é daquelas espécies difíceis que aparecem quando querem e se quiserem aparecer.

Nosso segundo e último dia de expedição começou na Serra dos Tapes, onde fomos na arena de beija-flor-de-topete-azul (Stephanoxis loddigesii), local incrível pra registrar essa espécie. Na mesma manhã também conseguimos ver o tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), um fantasma das matas escuras da região e encerramos a manhã no estrelinha-ametista (Calliphlox amethystina), uma das menores espécies de beija-flor do Brasil. Registraço!

Como tínhamos tempo livre, sugeri irmos até Arroio do Padre pra tentar ver o pica-pau-rei (Campephilus robustus), mesmo sabendo que era muito difícil, fomos até lá tentar… Caminhamos bastante e nada do bichinho, mas como toda passarinhada tem surpresas, dessa vez quem nos alegrou foi um casal de caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus), espécie super incomum na nossa região e lifer pra eles, baita achado!

Na parte da tarde voltamos pra Pelotas e encerramos a expedição com o endêmico caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus) e com um showzaço do socoí-amarelo (Ixobrychus involucris) enquanto procurávamos o tricolino (Pseudocolopteryx sclateri), que não quis aparecer.

Foram diversas espécies fotografadas e mais uns lifers pra lista do Fernando e da Janine.

Algumas espécies registradas nesses dias:

Foram 2 dias de passarinhada aqui pela região e mais de 150 espécies encontradas. Por mais que as espécies que eles procuravam era bem específicas, uma passarinhada com 150 espécies é sempre legal demais!

 

Resumo do nosso TripReport no eBird.

 

Agradeço de coração ao Fernando e a Janine por esses dois dias juntos por aqui. Como falei, foi uma correria de um lado pro outro com objetivos bem específicos, mas juntos, fizemos o que foi possível pra tentar ver essa bicharada que muitas vezes não aparece mesmo.

Costumo dizer que passarinhada é passarinhada, nunca tem lógica e nem muito sentido. Nosso papel é tentar fazer a probabilidade de ver espécie X ou Y aparecer, mas muitas vezes não sai como queremos.

Na nossa saída, tivemos uma surpresa super positiva, que foi ver o caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus), que não estava nos nossos planos e a surpresa negativa de não encontrar o tricolino (Pseudocolopteryx sclateri), espécie que habita os banhados aqui da região.

Mas aí que tá a graça da coisa, sair com a incerteza de não saber se vai ver ou não vai ver a ave. Isso faz com que o momento do encontro seja muito valorizado e comemorado, o que torna ainda mais valiosa nossa experiência como observador de aves.

Concluo o post agradecendo mais uma vez. Foi muito legal estar com esse casal massa e espero que possamos nos encontrar mais vezes, passarinhando por aqui ou em outros cantos do RS. Passarinhando não, bebendo cerveja e passarinhando. Isso sim é o mais importante!

Brincadeira, até a próxima!!

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