Por: Raphael Kurz
Buenas, pessoal! Enfim com tempo de escrever mais uma vez por aqui. Ontem cheguei do Parque do Iberá na Argentina e hoje tô conseguindo aos poucos reorganizar a vida e agora, já no final da tarde vou conseguir escrever aqui no nosso blog. Mas esse post não é sobre a passarinhada no Iberá, mas sim sobre a expedição que aconteceu uma semana antes da ida pra Argentina. Enfim, novembro tá acabando, um mês cheio de trabalho, coisa bem boa! Foram apenas 4 dias em casa durante esse mês. Cansativo, mas necessário!
Sobre a expedição:
O Gustavo já tinha entrado em contato comigo no início desse ano pra uma possível vinda em março (se não me engano), mas por questões de agenda, não deu certo a vinda dele e ele só consegui vir agora, em novembro.
Sem dúvidas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, levando em conta que devido as chuvas desse ano, a região de Rio Grande está cheia de água e consequentemente cheia de vida. Ficamos juntos apenas três dias (17 a 19 de novembro) e percorremos por Rio Grande, Pelotas e Morro Redondo, no Sítio Flor & Osória onde rolou até uma corujada.
Três dias nessa região é excelente para percorrermos todos os ambientes e todas as áreas mais importantes para observação de aves. Obviamente o clima ajuda muito, se pegarmos um dia inteiro de chuva, já temos que mudar alguma coisa do planejamento (que não foi nosso caso, pois o clima colaborou bastante).
Bora falar sobre a passarinhada? Leia até o final do post!
Rio Grande
Devido a elevada quantidade de água na região de Rio Grande e nas áreas planas de Pelotas, nessa época está aparecendo diversas espécies de aves aquáticas, como marrecas, saracuras e etc. Levando em consideração isso, é sempre importante aproveitarmos esses momentos pra irmos atrás das aves que estão dando boas chances por agora.
Como foi a primeira vez do Gustavo aqui no sul, tínhamos chance de ver muitas espécies por aqui. Percorremos banhados, a praia, as marismas e as áreas com junco/palha. Foram diversos ambientes e consequentemente, diversas espécies avistadas e registradas.
Olhando as fotos que o Gustavo gentilmente cedeu para ilustrar esse post, me chamou a atenção a quantidade de anatídeos (marrecas e patos) registradas por ele. Só nesse post há 11 espécies e é claro que as mais raras são as que mais chamam a atenção. Tivemos a sorte de encontrar a rara marreca-colorada (Spatula cyanoptera) e a marreca-de-cabeça-preta (Heteronetta atricapilla). Ambas espécies super difíceis de serem vistas e que na minha opinião são os principais anatídeos aqui do extremo sul.
Além das marrecas, conseguimos ver muitas espécies aquáticas, como as carquejas que também são bem procuradas pela galera que vem pra cá. E é claro que também rolaram altas fotos de maçaricos, já que essa é uma das melhores épocas para vê-los por aqui. Na área que geralmente os encontramos, há muita água nesse ano, fazendo com que eles fiquem reunidos em campos úmidos atrás de comida. Foram centenas de maçaricos e batuíras nos campos úmidos aqui da região.
Mas pra mim, a ave mais legal encontrada em Rio Grande, foi o lindo caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris) que surpreendentemente apareceu quando eu já não tinha mais esperanças. Na foto do Gustavo dá pra ver que ele estava anilhado. Imediatamente mandei a foto para o biólogo Marcio Repenning e ele comentou comigo que esse macho já era conhecido dele e foi anilhado justamente nessa área onde registramos ele. O Márcio é um dos maiores especialistas do gênero Sporophila do Brasil e é sempre um parceiro quando tenho dúvidas sobre determinadas espécies e esse tipo de registros que fizemos, é uma forma de contribuir com a ciência-cidadã, já que nós registramos uma espécie que está sendo estudada e com a anilha e data do registro, geramos mais um dado para esse estudo tão importante com as aves aqui do extremo sul.
Algumas espécies registradas pelo Gustavo em Rio Grande:
Pelotas
Pelotas e sua diversidade de ambientes… Aqui em Pelotas é incrível porque em apenas um dia, conseguimos percorrer banhados e também irmos até a área de Mata Atlântica onde há diversas espécies desse bioma incrível. Quando fala-se em Rio Grande do Sul, automaticamente as pessoas pensam no bioma pampa, mas aqui em Pelotas estamos justamente na transição entre esses dois biomas.
Nas áreas dos banhados, o show ficou por conta do magnífico socoí-amarelo (Ixobrychus involucris), que apareceu de uma maneira que eu jamais tinha visto antes. Ele simplesmente resolveu se expor e saiu do meio do juncal com uma incrível luz do entardecer! Foi um show que eu e o Gustavo presenciamos por cerca de 20 minutos. Bom, só quem já tentou fotografar essa espécie sabe o quanto é difícil. Mas como ficamos bem quietos e imóveis, deu pra fazer registros incríveis.
Ainda em Pelotas, fomos até o poleiro de descanso da jacurutu (Bubo virginianus), a maior coruja das Américas e dessa vez encontramos dois indivíduos por ali, foi incrível!
Na região de Mata Atlântica do munícipio, passamos uma manhã e o show ficou por conta do quete-do-sul (Microspingus cabanisi) e principalmente pelo beija-flor-de-topete-azul (Stephanoxis loddigesii), que estava totalmente ativo e deu pra fazer ótimos registros e até vídeos!
Nessa época eles estão com arenas aqui na região e essa é a melhor época pra vê-los. Logo logo essa atividade toda para e eles já não estarão mais dando mole, infelizmente.
Alguns registros feitos pelo Gustavo em Pelotas:
Sítio Flor & Osória
Encerramos nossa expedição no domingo a tarde, no Sítio Flor & Osória. O local dispensa comentários, já que ali há um dos melhores comedouros pra ver aves aqui no Rio Grande do Sul.
O objetivo principal (durante o dia), era ver a saíra-preciosa (Stilpnia preciosa) e o sanhaço-papa-laranja (Rauenia bonariensis) e foi super tranquilo registrá-los. Esperamos até anoitecer para irmos tentar a endêmica corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae) e tivemos êxito nessa empreitada. A bichinha deu mole e deu pra fazer um ótimo registro dessa coruja. De “brinde”, duas suindaras (Tyto furcata) deram um show sobrevoando o sítio e deu mais um lifer para o Gustavo.
Encerramos tarde nossa passarinhada, mas com o sentimento de dever cumprido. Várias espécies muito bem registradas nesse local que abriga uma avifauna incrível.
Alguns registros feitos pelo Gustavo no Sítio Flor & Osória:
Assim como eu, o Gustavo usa bastante o eBird e juntos fomos fazendo listas durante a expedição e pelas minhas contas, vimos juntos 180 espécies. Particularmente acho um número incrível, levando em conta que rodamos apenas 3 dias e repetimos diversas vezes alguns ambientes.
Além da quantidade de espécies, vale ressaltar a quantidade de aves endêmicas e típicas aqui do pampa, que pra mim é o que mais vale.
Agradeço ao Gustavo pela parceria nesses três dias. Foi gratificante estar com um cara que eu sempre quis conhecer. E sem puxar saco, é um dos caras que mais domina equipamento que já recebi aqui. Conhece muito bem o que tá fazendo e extrai o que há de melhor em cada momento da passarinhada. Isso faz o guia muito feliz, porque nada melhor que ver um fotão no display da câmera de quem está fotografando.
Valeu por tudo, irmão! Até a próxima!!
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