Por: Raphael Kurz
E lá vamos nós (mais uma vez), falar sobre passarinho por aqui! Novembro é sempre um mês muito cheio por aqui. Muitas expedições, muitas aves encontradas e muuuita história boa pra contar. Estou tentando deixar tudo atualizado por aqui, mas segue sendo difícil devido a “lida de campo”. Chego em casa quase sempre capotando de cansado e pra escrever, temos que ter o mínimo de criatividade e contar com um cérebro “acordado”. Hahaha Hoje, dia 20/11 estou em casa e resolvi tirar o dia pra atualizar nosso blog.
Sobre a expedição:
Sabe aquelas viagens muito planejadas e que sempre tem uma ou outra coisa que acabam fazendo com que não aconteça? Pois é, o Luiz estava querendo vir desde o ano passado e por alguns motivos, acabava tendo que remarcar ou desmarcar. Mas dessa vez ele agendou a data e disse que mesmo sozinho ele viria. Até aí tudo certo, viagem 100% marcada, tudo ok! Final de setembro o Eduardo me manda uma mensagem perguntando se eu tinha alguma data disponível para meados de novembro. Infelizmente eu não tinha, mas como eu sabia que o Luiz sempre quis um parceiro pra dividir os custos, consegui fazer “essa ponte” e encaixar o Eduardo nessa viagem que já estava programada.
Bueno, não é de meu costume fazer isso, porque formar grupos com pessoas aleatórias sempre tende a dar problemas de relacionamento, ainda mais em viagens de 7 dias, como foi a nossa. Mas dessa vez deu super certo, levando em conta que eu já conhecia o Eduardo e o Luiz visivelmente era um cara de boa…
Nossa expedição foi no início de novembro (do dia 6 ao 12) e percorremos por Rio Grande, pela Campanha Gaúcha, pela Serra dos Tapes e pelo Parque do Espinilho.
Infelizmente nossa passagem pela Campanha Gaúcha foi atrapalhada pela forte chuva e acabamos deixando de fazer algumas espécies que iríamos tentar lá. Mas faz parte do jogo, o clima não temos controlar.
Já nos outros locais, conseguimos ver muita coisa massa, como você vai ler a seguir.
Rio Grande e Pelotas
Devido a elevada quantidade de água na região de Rio Grande e nas áreas planas de Pelotas, nessa época está aparecendo diversas espécies de aves aquáticas, como marrecas, saracuras e etc. Levando em consideração isso, é sempre importante aproveitarmos esses momentos pra irmos atrás das aves que estão dando boas chances por agora. A lista do Luiz era bem maior que a do Eduardo, levando em consideração que foi a primeira vez do Luiz no Rio Grande do Sul e o Eduardo já havia passarinhado conosco em 2021.
O objetivo por aqui era percorrer os melhores locais, com potencial para fazer os lifers para os dois e como há ótimos hotspots, priorizamos visitar os mais diversos ambiente, fazendo com que encontrássemos o maior número de aves possível.
O Luiz chegou ao lifer número 1000 logo no primeiro dia de expedição, quando registrou a galinha-d’água-carijó (Porphyriops melanops). Espécie incrível que é sempre encontrada nessas lagoas que contém bastante vegetação aquática. Ainda em Rio Grande, dedicamos uma tarde para tentar ver uma das estrelas da região e objetivos da vinda do Luiz, o papa-piri (Tachuris rubrigastra). Essa é daquelas espécies que sempre causam bastante emoção em quem as registra. Dessa vez não foi diferente, foi empolgante encontrá-lo.
Já em Pelotas, investimos uma manhã atrás do socoí-amarelo (Ixobrychus involucris), uma ave da família das garças que tem se mostrado muito bem em vários locais aqui na nossa região. Geralmente é uma ave que é procurada por todos que vem pra cá, mas nunca foi tão fácil registrá-la como nesse ano. Com certeza essa facilidade está associada a elevada quantidade de água na região.
Algumas espécies registradas em Pelotas e Rio Grande:
A rara marreca-colorada apareceu novamente
Quando estávamos saindo de Pelotas e indo para outra área, recebi a mensagem do Rafael Peter no nosso grupo de amigos observadores dizendo que havia encontrado a marreca-colorada (Spatula cyanoptera) novamente. Dessa vez era bem próximo de onde estávamos. Prontamente sugeri para o Luiz e o Eduardo que alterássemos nossa rota e que fossemos ao encontro do Rafael para tentar ver essa marreca.
Falando nela, é uma ave tão rara por aqui que foi o último anatídeo que ocorre em Rio Grande que registrei. Eu já estou rodando por aqui há 10 anos e até então nunca tinha visto essa espécie. Nesse ano já foram 3 encontros (O último foi agora no dia 17/11).
A aparição dessa espécie fez vários observadores do estado virem até Rio Grande na esperança de encontrá-la, mas essa é daquelas aves que aparecem num local e meia hora depois já não estão mais lá. Quando apareceu noutros anos, eu lembro que fui no mesmo dia na área que apareceu e não consegui encontrá-la. Cheguei a conclusão que é daquelas aves que aparecem quando querem e se quiserem aparecer. O famoso: momento certo, hora certa e local certo. Sair de casa pra ver apenas ela é tiro no pé, muito difícil mesmo.
Mas voltando ao nosso encontro com ela nessa ocasião. Conseguimos ficar por cerca de 40 minutos observando o seu estranho comportamento de seguir uma MARRECA CRICRI incansavelmente. A cricri voava, lá ia a colorada atrás dela e assim foi por um bom tempo. Sempre voando e pousando mais ou menos nos mesmos locais, fazendo com que fosse possível fazer alguns registros legais desse comportamento.
Agradeço de coração ao amigo Rafael Peter avisar da ocorrência da espécie. Ele sempre costuma sair pra passarinhar domingo pela manhã e dessa vez foi premiado com esse baita registro e compartilhou conosco.
Rio Grande é massa demais, sempre uma bicharada passando por aqui!
Alguns registros feitos da marreca-colorada:
Parque Estadual do Espinilho
Por último e não menos importante, vamos falar da nossa experiência no Parque Estadual do Espinilho que dispensa comentários, né? Amanhã, dia 21 estarei voltando pra lá pra ver passarinho de novo e pra mim é um dos locais mais interessantes pra se observar aves no Brasil. No Brasil? Sim!! Só em estar naquele ambiente único já faz com que a viagem valha a pena, sem dúvidas.
Mas como a gente vai pra lá pra ver aves, vamos falar sobre elas… Obviamente a espécie-alvo ou ave-símbolo é o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata) e sério, dessa vez ele deu um show daqueles que raramente acontece. Ficou pousado por um bom tempo paradinho na nossa frente, possibilitando ótimas fotos do macho e da fêmea. Pra quem não sabe, é proibido usar o playback do cardeal-amarelo no Parque e sempre conseguimos encontrá-lo. Isso não significa que é fácil, porque já passamos sufoco caminhando atrás do danado.
Além dele, conseguimos ver diversas espécies endêmicas da fronteira oeste do estado. Foi muito legal conseguir ver o caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis) pela primeira vez na temporada. Eu, Raphael, sou louco pelos Sporophilas e é sempre gratificando encontrá-los em seus territórios por aqui.
O Espinilho e seu entorno são sensacionais, vale o deslocamento de quase 600km até lá, sempre vale!
Alguns registros feitos no Parque e no seu entorno:
Foram 7 dias, 20 listas no Ebird e 200 espécies encontradas. Uma pena nossa passagem pela Campanha Gaúcha ter sido cancelada devido ao mal tempo, mas mesmo assim conseguimos ver muitas espécies legais.
Não tenho nem palavras pra encerrar esse post e agradecer ao Luiz e ao Eduardo pela parceria nesses dias. Essa viagens mais longas ficam muito boas quando a parceria é legal e quando se tem pessoas com bom papo e com bom humor. Além dos passarinhos, teve muita comida boa, muito vinho e muitas compras no freeshop em Uruguaiana kkkkk
Foi uma viagem incrível, uma das mais legais que fiz em 2023 e confesso que já estou com saudade. Agora é esperar o AVISTAR 2024 pra rever essas duas pessoas incríveis que tive o prazer de conhecer.
Obrigado por tudo, guris! Até a próxima!
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