DIÁRIO DE GUIA: Clarisse, Valéria e Josi

Por: Raphael Kurz

A vida de um “escritor” de blog é complicada, nem sempre estamos dispostos à escrever e temos que atualizar o blog e quando estamos com vontade, muitas vezes não estamos com o computador por perto, então muitas vezes as coisas não saem como a gente planeja e os textos acabam ficando meio vazios e automatizados. Mas hoje, incrivelmente eu estou com várias ideias na cabeça e estou na frente do computador. Resultado disso é: Escrever! Adoro escrever, mas eu NUNCA leio o que escrevi, nunca reviso nada, se não eu entro em paranóia querendo reorganizar tudo e acabo ficando num looping infinito de procrastinação. Afinal sou do lema: “Feito é melhor do que perfeito”, então melhor fazer e depois as pessoas dizem se gostaram ou não. Mas deu de escrever devaneios e bora contar sobre essa passarinhada?

Sobre a viagem

Eu já conhecia a Valéria e a Clarisse do WorkPhoto que tivemos na Lagoa do Peixe esse ano, a Josi eu ainda não conhecia… No WorkPhoto, as meninas tiveram a oportunidade de ver algumas espécies da Lagoa do Peixe, principalmente as limícolas, já que o evento é sempre organizado para o final do mês de março. Como faltaram várias espécies, elas resolveram marcar uma passarinhada aqui pela região pra ir atrás das migrantes de inverno e outras endêmicas/típicas aqui do Pampa.
Criamos um grupo no WhatsApp e fomos amadurecendo a idéia. Como tínhamos 5 dias, montei um roteiro que contemplasse os principais hotspots aqui da região, onde poderíamos ver o maior número de espécies que estavam nas listas delas.

Juntos, visitamos os municípios de Rio Grande, Pinheiro Machado, Bagé, Aceguá, Cerrito, Pelotas e Pinheiro Machado. E digo à você que nos lê: Conseguimos ver muuuita coisa massa, segue lendo o texto!

Rio Grande

Ai ai ai, como o município de Rio Grande pode ser tão bom pra observar aves, né? Pena que ainda não é tão conhecido igual atrativos mais famosos como a Lagoa do Peixe…
Começamos nossa passagem pelo município registrando nada mais, nada menos que o papa-piri (Tachuris rubrigastra). uma das principais espécies da lista de desejos das meninas, junto dele, vimos o joão-da-palha (Limnornis curvirostris), furnarídeo típico da planície costeira do RS. Além disso, em Rio Grande conseguimos observar diversas espécies interessantes, como o colegial (Lessonia rufa), o pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus), a batuíra-de-peito-tijolo (Charadrius modestus), o caminheiro-de-espora (Anthus correndera) e a andorinha-chilena (Tachycineta leucopyga), que deu um trabalhão pra ser registrada em voo.
Mas nem tudo são flores, tentamos em dois momentos encontrar a gaivota-de-rabo-preto (Larus atlanticus) mas infelizmente não conseguimos achá-la, mas faz parte. Estar na natureza é assim mesmo…

Algumas espécies encontradas em Rio Grande:

Campanha Gaúcha

Como escrevi no início desse texto, na região da Campanha percorremos por alguns municípios que eu considero muito importantes. Pinheiro Machado, Aceguá, Bagé e agora, Cerrito.

Em Pinheiro Machado, enfrentamos uma neblina bem chata que achávamos que atrapalharia bastante a passarinhada, mas felizmente no local que estávamos, a neblina já estava começando a subir, fazendo com que conseguíssemos ver a bicharada bem de boa. As espécies destaque da área foram o tico-tico-do-banhado (Donacospiza albifrons), o tio-tio (Phacellodomus striaticollis) e o ameaçado arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris), que deu bastante mole e possibilitou ótimos registros.
Em Aceguá, percorremos algumas áreas que eu já conheço bem e fomos praticamente “batendo ponto” e encontrando as espécies da lista de lifers delas. A primeira parada foi para a Clarisse admirar os imensos ninhais com centenas de caturritas (Myiopsitta monachus). Logo mais a frente, um dos ápices da passarinhada, poder contemplar e registrar o cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus) é sempre sensacional e nesse dia eles pareciam estar num balé, dançando na nossa frente!

De frente com os cisnes.

Também conseguimos ver os dois caminheiros típicos da região, o caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus) e o caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri).
Maaaaaaaaaaas, além dos “tradicionais”, tivemos algumas boas surpresas!! Ave ameaçada é sempre bom ser vista, não é mesmo? Dessa vez, conseguimos ver 6 indivíduos de noivinha-de-rabo-preto (Heteroxolmis dominicana), numa área bem improvável, devido a monocultura. Mas o melhor estava por vir logo à frente, um bando de veste-amarela (Xanthopsar flavus) resolveu aparecer DO NADA, sim DO NADA mesmo! Foi a primeira vez que vi a espécie em Aceguá e o que mais chamou a atenção é que não havia ambiente propício pra estarem ali. Talvez estejam em deslocamento para outras áreas, não sei… Só sei que o pensamento positivo da Clarisse deu tão certo que conseguimos encontrar essa espécie tão linda por aqui. Pra mim, foi um momento de muita euforia, adoro esses acasos que muitas pessoas chamam de sorte!

Em Bagé, o objetivo era o arapaçu-platino (Drymornis bridgesii), que timidamente se apresentou, mas num certo momento possibilitou um bom registro. O problema é que estávamos tão mal acostumados que ver ele “mais alto”, gerou um pouquinho de frustração, mas em compensação tivemos momentos incríveis em Bagé com o quem-te-vestiu (Poospiza nigrorufa), o arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris) e o tio-tio (Phacellodomus striaticollis). Esses sim facilitaram muito e renderem ótimos registros.
Já em Cerrito, resolvi parar num local que sempre vejo a pomba-do-orvalho (Patagioenas maculosa). Descemos do carro e logo a encontramos, o indivíduo colaborou bastante e fez a alegria de todos. Noutro ponto da estrada, encontramos uma família de cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus), eram 2 jovens e 2 adultos e foi massa demais encontrá-los.

Algumas espécies encontradas na Campanha:

Pelotas

Inicialmente Pelotas nem estava no nosso roteiro, mas como o tempo resolveu mudar, acabamos nem indo pra Rio Grande onde iríamos até a REVIS do Maçarico e ficamos aqui na cidade, esperando o tempo colaborar e dar uma melhorada. Antes de pegar as meninas no hotel, passei numa área onde ano passado estava aparecendo a coruja-orelhuda (Asio clamator), minha intenção era tentar encontrar ela pela manhã e buscar as gurias para que elas pudessem tentar registrá-la. Infelizmente não encontrei, mas observer um casal de jacurutus (Bubo virginianus) e fui correndo no hotel pegá-las para que pudessem registrar o maior rapinante noturno do Brasil! A chuva era forte, o desafio também! Mas deu pra ver super bem a dócil coruja.

Ainda em Pelotas, visitamos outros pontos relevantes do município para a observação de aves. O Banhado do Pontal da Barra, na Praia do Laranjal sofre muito com descarte irregular de lixo, mas mesmo assim a avifauna resiste por aqui! Alcançamos nossos objetivos e conseguimos ver super bem o amarelinho-do-junco (Pseudocolopteryx flaviventris), espécie que sempre dá um certo trabalho pro guia.

Algumas espécies encontradas em Pelotas:

Serra dos Tapes

Na Serra dos Tapes, como de costume fomos até o Sítio Flor & Osória. Como sempre, fomos muito bem recebidos e por lá tínhamos dois objetivos bem definidos: Ver o sanhaço-papa-laranja (Rauenia bonariensis) e tentar o beija-flor-de-topete-azul (Stephanoxis loddigesii). Conseguimos os dois! O beija-flor foi uma surpresa e tanto, deram muuuuito mole na floração da babosa e além deles, outras espécie frequentavam as flores, foi incrível observá-los. O papa-laranja deu um susto, mas como a Fabi havia dito, a partir das 10:30 eles apareciam no comedouro e tu pode até não acreditar, mas ele apareceu PONTUALMENTE as 10:30. Foi muito engraçado acompanhar e ver isso de perto, o bichinho sente fome as 10:30 kkkkkkkkkkkkkkk

Algumas espécies feitas no Sítio Flor & Osória:

Juntos, observamos mais de 150 espécies, segundo o Trip Report do eBird!!

Trip Report no eBird.

É sempre desafiador receber um grupo por aqui. Alinhar expectativas e organizar tudo pensando no benefício de todos nem sempre é muito fácil, mas quando o grupo é parceiro, as coisas fluem muito bem!
Eu agradeço de coração à essas meninas queridas que valem ouro, que fizeram com que a viagem fosse um sucesso! Enfrentamos adversidades climáticas que muitas vezes acontecem e já aconteceu comigo de eu receber a culpa por estar ventando, por exemplo kkkkk Juro que já aconteceu.
Quando o tempo tá ruim, geralmente a gente reorganiza o roteiro pra tentar correr atrás do tempo perdido e nessa viagem isso foi necessário e deu tudo certo!

Obrigado Valéria por alegrar muito nossa viagem. Tua energia e astral deixam qualquer um empolgado!!
Obrigado Clarisse pelas palavras doces e por todo carinho que tu sempre teve por mim, isso ajuda muito a darmos nosso melhor no trabalho!
E é claro, por último, mas não menos importante: Obrigado Josi por todos docinhos, balinhas e coisinhas que tu trouxe pra mastigarmos, isso é sempre importante! Hahahaha

Brincadeiras à parte, obrigado por confiarem no meu trabalho. Espero que tenham aproveitado cada segundo da nossa expedição, porque eu já tô com saudade!!

Já estamos com as datas definidas para o WorkPhoto na Lagoa do Peixe em 2024, bora participar conosco? Clique na foto abaixo e veja todos detalhes!

Quer observar aves conosco ainda em 2023? Temos algumas datas disponíveis para o segundo semestre desse ano! Bora passarinhar conosco?

Contatos:
Email: contato@avesdosul.com.br
WhatsApp: (53) 981079229

Obrigado por ler e nos acompanhar! Curta, compartilhe e comente esse post! É muito importante para o nosso trabalho. Muito obrigado e até a próxima!!

 

 

Veja o que nossos clientes dizem sobre nós

Open chat
Para mais informações, envie uma mensagem diretamente no nosso WhatsApp.