DIÁRIO DE GUIA: Leandro e Ronaldo Rios

Por: Raphael Kurz

Bora falar de mais uma expedição por aqui!!! Nessa primeira semana de setembro ficarei por casa e quero tentar ao menos escrever sobre essas expedições que rolaram em julho e agosto. A correria tá boa, então vamos seguir atualizando o blog e contando um pouco mais das nossas expedições no sul do Brasil.

Sobre a expedição:

Recebi os irmãos, Leandro e o Ronaldo aqui no final de julho e ficamos 5 dias juntos (do dia 16 ao 20) e rodamos por alguns municípios do nosso estado. Percorremos as áreas alagadas de Rio Grande, fomos até a região da Campanha Gaúcha, em Bagé, Aceguá e Pinheiro Machado e encerramos nas áreas de Mata Atlântica da região, em Pelotas e Morro Redondo. Além disso, levei eles num lugar bem legal, na mata ciliar do Rio Piratini, em Pedro Osório e por ali conseguimos ver bastante coisa legal.

Bora falar sobre a passarinhada? Leia até o final do post!

Rio Grande

Uma das melhores épocas pra se visitar Rio Grande é de junho a dezembro. Cada mês com suas particularidades e períodos de migração/deslocamento de aves. No inverno (agora), a bicharada dos banhados está muito ativa e com isso, rola registrar muita coisa boa. Atrelado a isso, o nível da água dos banhados está relativamente alto, fazendo com que facilite bastante o registro de anatídeos (marrecas e etc). Na nossa passagem por aqui, conseguimos ver praticamente todas espécies que procurávamos. Com destaque para as três espécies de carquejas (Fulica sp) que facilitaram bastante os registros. Ainda tivemos a oportunidade de ver um único indivíduo de vira-pedras (Arenaria interpres) na Praia do Cassino, o que é bem raro levando em conta que é uma espécie que deveria estar no hemisfério norte nesse período do ano.

Além dessa surpresa, o pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus), o sargento (Agelasticus thilius), o tricolino (Pseudocolopteryx sclateri), o arredio-de-papo-manchado (Limnoctites sulphuriferus) e a andorinha-chilena (Tachycineta leucopyga) se fizeram presentes nesses dias passamos aqui por Rio Grande. Todas essas espécies nem sempre colaboram ou aparecem, tornando ainda mais especial nossa expedição.

Algumas espécies registradas em Rio Grande:

Campanha Gaúcha

Quando eu demoro muito pra postar, eu realmente acabo me esquecendo um pouco de como foi cada expedição, mas pra refrescar a memória, costumo olhar o Trip Report do eBird e as fotos que foram feitas nesses dias e olhando as fotos da região da Campanha, vejo o quanto foi produtivo nossa passagem por ali, principalmente por causa da excelente luz pra fazer os registros. Quem sai comigo sabe o quanto eu prezo por isso e sempre tento posicionar para fazermos as melhores fotos possíveis de acordo com a incidência de luz em cada lugar que visitamos. De manhã sempre passo em Pinheiro Machado, justamente pela posição solar e com isso, é sempre possível fazer boas fotos.

Eu particularmente gosto de dias nublados pra registrar aves nos banhados e campos, assim a luz fica difusa e dá pra fotografar em todos os lados da estrada independente do horário do dia, mas enfim… Sei que tô fugindo um pouco do tema por aqui, mas quando vi as fotos da região da Campanha, lembrei do porquê delas terem ficado boas assim, justamente por causa da excelente luz.

Em Pinheiro Machado, vimos o arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris), uma das espécies mais “procuradas” pelos observadores que visitam o RS. É encontrada só no sul do Brasil e o Rio Grande do Sul é o melhor estado para vê-los, sem dúvidas. Além dele, nessa área, o bico-duro (Saltator aurantiirostris) e o tico-tico-do-banhado (Donacospiza albifrons) deram show.

Em Bagé conseguimos ver uma bicharada massa, mas sem sombra de dúvidas, o arapaçu-platino (Drymornis bridgesii) foi o destaque. Outra espécie encontrada apenas no RS, que sempre chama a atenção pela sua beleza e seu tamanho, é um dos arapaçus mais bonitos do Brasil!!!! Nesse dia ele pousou no mourão da cerca, possibilitando ótimas fotos e é claro, com aquela luz perfeita que a gente gosta muito!

Em Aceguá, fomos atrás do picapauzinho-carijó (Picumnus nebulosus) e do caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus) e tivemos êxito nos dois registros, foi massa demais!!

Alguns registros feitos na região da Campanha Gaúcha:

Morro Redondo, Pelotas e Pedro Osório

Encerramos nossa expedição aqui na região de Pelotas e Morro Redondo. Em Pelotas, encontramos a saracura-carijó (Pardirallus maculatus), ralídeo que aparece nessa época do ano aqui na região e na minha opinião é uma das saracuras mais bonitas do Brasil. No nosso último dia, resolvi ir até a região do Rio Piratini, em Pedro Osório, local com uma baita biodiversidade e com algumas espécies bem legais. Já que é uma mata ciliar bem preservada, por ali é possível encontrar espécies da transição do Pampa com a Mata Atlântica.

Por ali, conseguimos ver várias aves que estavam na lista do Leandro e do Ronaldo, como o inquieto quete-do-sul (Microspingus cabanisi), o pica-pau-verde-carijó (Veniliornis spilogaster) e o lindo beija-flor-de-topete-azul (Stephanoxis loddigesii).

Por ali, estávamos atrás da borralhara-assobiadora (Mackenziaena leachii) que demorou bastante pra aparecer e quando apareceu, ficava pelo chão, impossibilitando o registro. Mas como eu conheço um pouco o comportamento da danada, resolvi atravessar um galho numa área bem aberta com a esperança que ela cruzasse ali por cima. Fiquei tocando o playback por um tempinho e quando eu menos esperava, um indivíduo macho, lindão, resolveu se expor e ficou por um bom tempo nesse poleiro temporário, fazendo a alegria do Leandro e a minha, é claro! Foi um dos momentos mais legais da nossa viagem!

Na última tarde, o Ronaldo não saiu conosco e eu e o Leandro fomos até o Sítio Flor & Osória pra ver as aves do comedouro e com sorte, tentar ver a corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae). Ficamos lá, conversando e esperando o tempo passar até chegar a noite para tentarmos ver a corujinha.

Saímos atrás dela e encontramos, só que ela vocalizava muito e não saia do poleiro e ficava embrenhada no meio da mata. Tentei me afastar e chamar ela um pouco pra borda, mas não tivemos sucesso. Aí não teve jeito, nos embrenhamos e conseguimos encontrá-la e tínhamos apenas “uma janelinha” livre pra tentar o registro, o que foi suficiente pra fazer o registro dessa coruja.

Alguns registros feitos em Pelotas, Pedro Osório e no Sítio Flor & Osória:

Foram 183 espécies encontradas nesses dias e esqueci de citar no texto, que em Pelotas também conseguimos ver muito bem o tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi), bichinho deu trabalho, mas o Leandro e o Ronaldo conseguiram ótimos registros.

Além da quantidade de espécies, vale ressaltar a quantidade de aves endêmicas e típicas aqui do pampa, que pra mim é o que mais vale.

Resumo do nosso Trip Report no eBird.

Agradeço ao Ronaldo e ao Leandro pela parceria nesses dias e por confiarem no meu trabalho. Espero ver os dois numa próxima expedição!!!

Ainda temos algumas datas disponíveis para expedições em 2024 aqui no Rio Grande do Sul. Todas essas datas são ótimas pra visitar a região. Sempre gosto de lembrar que há voos diários de ida e volta aqui pra Pelotas, cidade onde sempre começamos e terminamos nossas expedições!

Datas disponíveis:

  • 30 de setembro a 04 de outubro;
  • 07 a 21 de outubro;
  • 09 a 20 de dezembro.

Obrigado à você que leu até o final, até a próxima.

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